segunda-feira, 3 de março de 2014

Cortiça - A tendência desta Primavera


Sob o sol quente do Verão alentejano, os tiradores retiraram a cortiça dos sobreiros com auxílio de um machado.  Abre-se, separa-se, traça-se, extrai-se. Um trabalho metódico e cheio de saber este o de «descortiçar», ou «despelar», retirando a pele áspera à árvore. A operação é delicada, exige atenção. Em causa pode estar a sobrevivência da árvore. Há que não ferir com o machado a parte de dentro dos sobreiros. Há, também, que desinfectar o machado se se desconfiar de doença na árvore. Acima de tudo, nunca tirar do sobreiro demasiada cortiça. Por outro lado há que saber quando parar. Quando a cortiça «não dá», deve-se suspender o «descortiçamento».

A tira é a primeira etapa de uma longa viagem que termina, muitas vezes, à mesa, quando retiramos a rolha a uma garrafa de vinho. 

No campo, as longas pranchas de cortiça aguardam o momento de serem empilhadas. Antigamente, carregavam-se para a estrada a esforço de burro. O almocreve dava as ordens. Hoje, o trabalho tornou-se menos penoso, faz-se com máquinas de arrasto.

Passo seguinte: a «cura». Após o descortiçamento, as pranchas de cortiça são empilhadas ainda no sobreiral ou em estaleiros dentro das instalações de uma fábrica. Aí permanecem expostas ao ar livre, ao sol e à chuva de forma a permitir a estabilização da cortiça. Na prática a pilha deve permitir a drenagem da água e a circulação do ar. A «barriga» das pranchas não deve entrar em contacto com o solo. 

Os tratamentos seguintes são diferenciados conforme o objectivo final da cortiça. Este produto nacional e amigo do ambiente, muito conhecido pelo uso como rolha em garrafas de vinho, renasce agora com novas aplicações.

É a tendência em decoração neste Verão. Use e abuse das molduras, caixas, suportes garrafas….